Hiperconectividade e cobrança excessiva são combustíveis para adoecimento mental, diz psicóloga

  • 08/12/2025
(Foto: Reprodução)
Os cuidados com o excesso de uso de celular e a saúde mental A saúde mental tornou-se um tema central em um contexto social marcado pela aceleração, hiperconexão e múltiplas exigências. Para discutir os desafios impostos por essa realidade, especialmente o uso excessivo de tecnologia, o g1 conversou com a psicóloga clínica Ana Grasieli Lustosa. Siga o canal do g1 Ceará no WhatsApp Em entrevista, a especialista desmistificou o conceito de saúde mental, alertou para os perigos do "adoecimento silencioso" e deu orientações sobre como manejar a relação com as telas e as cobranças do cotidiano. O que é (e o que não é) saúde mental De acordo com a psicóloga, é importante entender que saúde mental não é a ausência de sofrimento. "Saúde mental na verdade é a gente conseguir lidar com os nossos sentimentos, com as nossas frustrações. Sofrer é humano, mas de uma forma que a gente não entra em colapso", explica Ana Grasieli. Ela critica a cobrança social por um estado de felicidade e equilíbrio constante. "A gente se cobra muito esse bem-estar o tempo inteiro, mas o sofrimento existe, e a gente tem que saber lidar com ele." Ela enfatiza que todos os sentimentos têm uma função. "A ansiedade, a tristeza, a raiva, tudo isso tem uma função. Quando a gente está triste, a gente pensa melhor, a gente para para refletir." O problema, segundo ela, surge no desequilíbrio e no excesso dessas emoções. 'Sofrimento silencioso' e pressão por produtividade Um fenômeno preocupante observado por Ana Grasieli em seu consultório é o "adoecimento silencioso". "As pessoas conseguem ser funcionais, vão ali para o seu dia a dia... mas internamente a alma está cansada, e aí isso não é dito, isso vai acumulando e rompe". Ela atribui parte desse quadro à cultura da produtividade tóxica. "Não posso sofrer, tenho que estar bem, tenho que produzir, esse excesso de produtividade o tempo inteiro." A psicóloga também alerta para a "era do motivacional", que prega a necessidade de estar sempre motivado para agir. "Isso adoece muito... se eu fosse para a motivação o tempo inteiro, a gente não fica motivado o tempo inteiro, todo dia, toda hora, isso não é verdade". Ela aconselha a ação em pequenos passos, sem esperar pela motivação plena. Hiperconectividade: excesso de estímulos e comparação Ana Grasieli afirma que uso excessivo de telas pode adoecer: "Isso acaba adoecendo porque a gente se compara o tempo todo com o que é perfeito, e não é real". Ela explica que o cérebro humano não foi preparado para o volume de informações e estímulos recebidos atualmente. "É muito estímulo para o nosso interno." Como sinal de alerta para uma relação prejudicial com o celular, ela cita a nomofobia (medo de ficar desconectado) e comportamentos como ser a primeira e a última atividade do dia. "Quando você se vê realmente conectado o tempo inteiro, pegando na hora da refeição... é de manhã quando acorda, a primeira coisa é ver o celular... aí já é um sinal de alerta." A especialista recomenda pausas intencionais ao longo do dia e a qualidade do uso em vez de focar apenas na quantidade. "É importante você se desconectar, tem gente que dorme com estímulo com a tela e aquilo bloqueia a substância que é importante para dormir." Desigualdades de gênero e acesso à ajuda A entrevista também abordou como questões sociais impactam a saúde mental. Ana Grasieli citou que pessoas em situação de vulnerabilidade, como a pobreza, têm maior exposição à frustração e ao estresse, fatores de risco para transtornos. Sobre a diferença entre gêneros, ela confirmou que as mulheres são mais diagnosticadas com depressão, atribuindo isso à sobrecarga da dupla ou tripla jornada e a cobranças externas e internas por perfeição. Já os homens, segundo sua experiência clínica, ainda enfrentam mais resistência em buscar e dar continuidade à terapia. "Eles até buscam quando estão em crise, já, mas muitos não sustentam... acham que não precisa." Ela reforça que a terapia é uma ferramenta de prevenção e não apenas de crise. Como atravessar o fim de ano e a "dezembrite" Falando sobre o fenômeno conhecido como "dezembrite", a psicóloga explicou que é um período de tensão agravada pela reflexão sobre o ano, expectativas para o próximo, reuniões familiares que podem gerar conflitos e comparações sociais. "Juntando todas essas questões... é um momento de cobranças". Para atravessar este e qualquer período com mais saúde mental, Ana Grasieli deixa recomendações finais: Reduza a autocobrança e as comparações. Aceite que o sofrimento é natural e permita-se sentir. Faça pausas ao longo do dia para respirar e refletir. Fale sobre o que sente com alguém de confiança ou com um profissional. "Quando você fala, você já entra no processo de cura". Não tenha medo de buscar ajuda profissional (psicólogo ou psiquiatra). Sobre a medicação, ela tranquiliza: "é um tratamento assim como qualquer outro, você toma por um tempo, faz o desmame". Hiperconectividade e cobrança excessiva são combustíveis para adoecimento mental, diz psicóloga Hollie Adams/Reuters Assista aos vídeos mais vistos do Ceará:

FONTE: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2025/12/08/hiperconectividade-e-cobranca-excessiva-sao-combustiveis-para-adoecimento-mental-diz-psicologa.ghtml


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